Sábado – IV Semana –Tempo Comum –
Anos Pares
3 Março 2018
Primeira leitura: 1 Reis 3, 4-13
O autor sagrado realça em Salomão três facetas: sábio
(cc. 3-5), construtor (cc. 6-9), rico (c. 10). Mas a mais importante das três
facetas é a sabedoria. Essa sabedoria abarca todos os campos: a governação (cf.
3, 16-28), as letras e as artes. Essa sabedoria é dom de Deus, fruto da oração.
E a oração do rei é a melhor prova da sua sabedoria. A oração de Salomão, no
santuário de Guibeon, é sábia e inteligente.
Por isso,
agradou ao Senhor. Não foi uma oração egoísta, mas uma oração em que pediu a
Deus bons critérios para julgar e para discernir o bem e o mal, para governar
com justiça.
A narrativa do sonho de Salomão tem o estilo das
lendas populares. O protagonista aparece como um herói positivo, que segue a
lei de Deus e oferece sacrifícios ao Senhor, podendo, por essa razão, pedir o
que quisesse (vv. 4s.). Na sua oração, o rei usa a linguagem sapiencial e
profética: pede «um coração cheio de entendimento», para fazer justiça ao povo,
e «para discernir entre o bem e o mal»
Tal como nas lendas, o pedido do rei agrada a Deus e é
atendido. Mas, com a sabedoria, Salomão recebe também a riqueza e a glória.
Evangelho: Mc 6, 30-34
Na segunda parte do seu evangelho (6, 30-10), Marcos
diz-nos que Jesus, apesar de galileu, é profundamente universal: dirige-se aos
outros, aos afastados, aos gentios; mas não esquece os clássicos, os eleitos.
Os Apóstolos vêm dos seus lugares de trabalho e contam
a Jesus o que fizeram. Jesus escuta-os, mas não quer vê-los cair no
triunfalismo do muito que fizeram e fazem, nem no activismo de quem se entrega
às coisas do Senhor, esquecendo o próprio Senhor. Por isso, lhes diz: «Vinde, retiremo-nos
para um lugar deserto e descansai um pouco».
É um momento de
intimidade entre Jesus e os seus, um convite ao repouso e ao recolhimento. A
comunidade dos Doze, com Jesus no barco, recompõe-se e renova-se em vista da
secção dos milagres e da dupla multiplicação dos pães. Estes milagres são
preanunciado e introduzidos com a referência à necessidade de alimento,
material e simbólico: os discípulos «não tinham tempo para comer» (v. 31); as
multidões «eram como ovelhas sem pastor» (v. 34).
É uma pena que a tradição os retiros e exercícios espirituais se tenham convertido em outras coisas que nem sempre contribuem para o bem dos homens e para o bem da Igreja.
Salomão não é grande por causa da sua riqueza, nem por
causa da sua sabedoria. É grande porque soube dirigir a Deus a oração justa.
Com verdadeira humildade, implorou de Deus a sabedoria como o mais elevado dom,
que só Deus pode conceder. Soube também pedir o discernimento: «concede ao teu
servo um coração cheio de entendimento… para discernir entre o bem e o mal» (1
Re 3, 8).
Quanto precisamos da sabedoria para nos conduzirmos pelos critérios de Deus, e não pelos critérios do mundo em que vivemos! Se a obediência vale mais do que os sacrifícios (cf. 1 Sam 15, 22), quanto precisamos de nos habituar a discernir, sempre e em toda a parte, a vontade de Deus acerca de nós, das nossas comunidades e do mundo!
Os discípulos de Jesus, ao regressarem, contam-lhe os êxitos da missão que lhes tinha confiado: expulsaram demónios, curaram doentes (cf. Mc 6, 13).
Jesus, quase não lhes presta atenção, e aponta-lhes
algo de mais importante: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai
um pouco» (Mc 6, 31).
No mundo agitado em que vivemos, perdemos o sentido do repouso. Mergulhados em mil e uma tarefas, corremos desenfreadamente, sem reservarmos tempo para nós. Jesus lembra-nos que não podemos viver sem nos alimentarmos, sem repousarmos. São exigências da nossa condição humana que não podemos desprezar. A própria eficácia do nosso apostolado depende mais da graça do Senhor do que das nossas correrias e esforços.
Precisamos de
tempo para estarmos a sós com o Senhor, crescermos na intimidade com Ele, e
apresentar-lhe as situações e as pessoas que encontramos no nosso apostolado.
Sem nos alimentarmos na mesa da Palavra e da Eucaristia, a nossa vida definha e
o nosso apostolado é estéril.
Senhor, dá-me um coração que saiba discernir a vontade
do Pai, que saiba amá-la, que saiba cumpri-la pronta e generosamente. Peço-te
esta graça por intercessão de Maria, a Virgem que sabia escutar, a Virgem do
«Sim». Em cada momento, quer me convoques para a missão, quer me chames a
descansar, direi como Tu e como Ela:: Eis-me aqui; faça-se!
Ajuda-me a fazer silêncio, sobretudo dentro de mim.
Dá-me o gosto da solidão preenchida pela tua presença. Liberta-me do frenesim
da acção e da busca extenuante do barulho e da confusão.
Que eu saiba escutar o silêncio. Que eu saiba ouvir a
tua voz nas pequenas coisas de cada dia: no rosto do irmão, no encanto da
natureza, nos trabalhos e na história, no repouso e no sono, quando tudo
mergulha no silêncio e só Tu podes penetrar no íntimo dos corações.
Fonte: resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
Sem comentários:
Enviar um comentário